Espaço, na região central, é um convite ao descanso e ao contato com a natureza para quem, pela rotina, não pode se deslocar até as áreas mais afastadas do município.
Se é verdade que tem sido cada vez mais comum vermos animais silvestres na cidade — fruto da combinação de oportunidades que os ambientes urbanos oferecem, das mudanças climáticas e da destruição de habitats naturais —, em Castanheira existe um motivo muito particular para esse fenômeno: o Vale Verde.
No centro da cidade, um lago natural cercado por vegetação compõe um cenário que há anos é cuidado com carinho por um grupo de voluntários, liderados pela ambientalista por vocação Iloni, sempre apoiada pelo esposo, Ailton, e pelo irmão Jacó. Mais recentemente, o espaço ganhou novo impulso com o projeto de caminhadas desenvolvido pela Prefeitura Municipal, tornando-se ponto de encontro para moradores e visitantes.
“A gente já viu até aves exóticas aqui”, conta Ailton, que, com olhar atento e disposição de verdadeiro guardião, registra as visitas inesperadas. A secretária de Administração, Sonia Pereira, relata o flagrante de um tamanduá-mirim passeando pelo local. Cotias, pássaros de várias espécies e peixes — muitos deles colocados pelos próprios cuidadores — completam o quadro de biodiversidade. Infelizmente, nem todos têm a mesma sensibilidade: predadores humanos já retiraram animais do lago, como o desaparecimento de um pequeno jacaré que se tornou conhecido entre frequentadores.
O espaço, no entanto, segue sendo um convite ao descanso e ao contato com a natureza para quem, pela rotina, não pode se deslocar até as áreas mais afastadas do município, como a região da “Pedrona do Arrival”, onde o Rio Sete e as águas que escorrem das pedras compõem um espetáculo que “os céus proclamam” (Salmos 19:1). Tomar um tereré — tradição regional — ou um chimarrão nas manhãs frias, à sombra de uma das castanheiras mais imponentes do município, ouvindo o canto das aves, é uma experiência sem custo e com grande valor para a alma.
Como afirmou o escritor John Muir, “em cada passeio na natureza, recebemos muito mais do que procuramos”. E o Vale Verde é exatamente isso: um lembrete diário de que o contato com o verde é um antídoto contra a pressa e a dureza da vida moderna. Iniciativas como o projeto do IFMT, em parceria com o município, que resultou no plantio de centenas de árvores, indicam que o futuro reserva ao local um charme ainda maior — não apenas pela beleza, mas pelo impacto positivo na qualidade de vida. Espaços assim não são apenas pontos turísticos: são patrimônios vivos que merecem ser preservados e celebrados, pois cuidá-los é, no fundo, cuidar de nós mesmos.